segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Recordar é viver...


O meu depoimento para o livro "Socorro! sou mãe..." de Rita Ferro Alvim
(Escrevi este depoimento quando o Salvador nasceu. Já lá vão dois anos e cinco meses. E o amor ainda aumentou e agora duplicou com o nascimento do Vicente).

Palavra de mãe
Morrer de amores!, Ana Rolo
Profissão: mãe e jornalista
Filho: Salvador

O primeiro mês foi avassalador. Pensei que ia morrer de tanto amar. Quando o Salvador nasceu senti imediatamente um amor enorme, esmagador, avassalador... Um amor que me transtornou, mas que ao mesmo tempo me transformou, que me encheu de esperança, de paz, de sentimentos maravilhosos que nunca tinha sentido antes.
A primeira coisa que fiz foi chorar e agradecer. Senti-me abençoada. foi milagroso. Pensei  que o meu coração não aguentasse tanto amor e questionei-me como é que "as mães" sobrevivem porque eu, juro, pensei que ia morrer de tanto amar.
Depois do parto chorava desalmadamente, enquanto procurava a minha mãe. Precisava de abraçar alguém que sentisse o mesmo que eu, que soubesse o que é este amor, que o sentisse, que me ajudasse a acalmá-lo e a entendê-lo. A minha mãe abraçou-me, eu chorava e perguntava-lhe: "Mãe , como é que estás viva e não morreste de tanto amar?".
O Salvador mal tinha nascido e eu já achava que o mundo era pouco para ele. Senti que tudo o que a vida tinha era pouco. Ele merecia tudo. Queria-lhe dar tudo. Queria-lhe dar todo o amor do mundo naquele momento, naquele segundo, queria que ele o sentisse, que nada lhe escapasse, que ninguém o roubasse.
O amor foi de tal maneira forte que pedi desesperadamente que o tempo parasse, que ficássemos só os dois naquele momento de ternura e amor eterno, que a amamentação durasse para sempre.
O amor era tanto que pensei que não ia resistir a ouvi-lo chorar ou a vê-lo sofrer. Que não ia aguentar quando alguém lhe batesse ou ele caísse ou se magoasse.
Senti que o meu coração não me pertencia. Que o tinha entregue, que o Salvador o tinha "roubado".
A ligação foi logo tão intensa que passei um mês angustiada com o "peso" deste amor tão forte.
Entre a amamentação, os banhos e as fraldas, eu escrevia e reescrevia cartas de amor para ele e foi através desta "terapia" que tudo se resolveu.
Durante o primeiro mês, o amor foi-se transformando e passou de um amor louco e frenético para um amor tranquilo e cheio de paz.
Agora, amo o meu filho com a calma e a serenidade próprias de uma mãe.

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