quinta-feira, 20 de abril de 2017

Cobertura da cabana


Obriguei-me a aterrar em mim.
Assumi esse compromisso.
A cumplicidade que quero ter com a vida e com quem me é próximo precisava mais do que uma paisagem de mim.
Comparado com milhares de pessoas - temos tanto. Temos tudo. Somos abençoados.
Também tenho dias caóticos.
Três filhos muito pequenos.
Quando estou sozinha com eles também fico estafada. Derrotada.
Muitas birras. Muita personalidade. Muito atenção para partilhar - sem descurar a individualidade de cada um.
Tenho as roupas, a casa, a alimentação, os lanches.
Também me faz falta um obro para chorar, quando tudo se desalinha.
Chegar a casa e ter os legumes comprados e a sopa feita.
Podia ir por esse caminho tão confortável e pequenino da queixa e do mais ou menos.
Mas não.
Fui pelo atalho para nem me demorar na chegada.
Preferi fazer outra escolha.
Vivo muito o espírito de comunidade. Ajuda. Partilha no cuidar.
Sou pela união.
Estamos todos muito isolados. Cada um nas suas casas. Poucos apoios.
Emocional e fisicamente é fácil quebrar.
Não sei se dei asas ao meu lado mais indígena mas os meus filhos têm dez mães e dez pais.
E têm "mais irmãos" dos que se podem contar pelas mãos.
Construímos uma rede. Uma irmandade. Uma tribo.
Todos saímos fortalecidos desta união que se alimenta da lealdade.
Da ajuda ao próximo.
Todos temos vidas, trabalhos, momentos.
Mas há tempo para saber da vida dos outros - fizemos essa escolha que respira da partilha honesta.
Isto têm um impacto enorme no desenvolvimento emocional dos miúdos e na nossa felicidade.
Todos saímos fortalecidos e mais sãos.
A amizade é PODEROSA.
O maior bem.
Não quero pedir mais.
Só agradecer - a quem me ajuda a fazer a cobertura da cabana com ramos de couqueiro - quando decide chover mais.

terça-feira, 11 de abril de 2017

A vida é agora

As pessoas vivem muito rápido.
Esgotam-se no dia a dia.
Atropelam-se por nada. 
Todos os dias tento sair do círculo vicioso dos dias. 
Da correria. Das metas.
Faço por ser feliz.
Aproximei-me de mim.
Todos os dias dou um passo nesse sentido - da pessoa que quero ser.
Estou a ficar muito perto.
A minha insegurança começou a perder força.
Dei essa vitória a mim própria.
Eu também nasci no dia em que eles nasceram.
Vivo de sentimentos genuínos.
De palavras sinceras.
E só sei ser feliz com base nesta honestidade e partilha.
Sozinhos não valemos nada.
Faço por acrescentar o máximo possível aos outros, e a mim própria.
Arrisquei sempre.
Tomei decisões de acordo com o que sentia.
E a emoção que ocupa 90% de mim trouxe-me até aqui.
Não duvidem do amor.
Não quero muito mais do que virar os dias do avesso.
E dar aos meus filhos uma infância feliz.
Cheia de partilha.
Carregar as nossas almas de memórias, experiências e ganhos emocionais.
A vida é agora.





A vida é agora.