Para ti meu amor

Um ano!!!

(Que maravilha. Que felicidade)
Segundo filho

Escolhi bem o teu nome. Vicente. 

Veni. Vidi. Vici.

E só nós sabemos como foi uma escolha tão acertada.

És um doce.

Quando olhei para ti senti-te um anjo. 

E és.

Tens uma alma tranquila.

Ter-te ao colo enquanto dormes é ter ao colo a paz.

Durante este ano contam-se as vezes que acordaste a chorar. 

Sempre a rir. Sempre.

Sinto-me grata por te ter.

Por ter-me sido dada a tarefa apaixonante de te educar. 

Amar-te não é uma tarefa.

És como se fosse eu.

Tu e o mano.

Amar-vos é como respirar.

Somos um.

Tive o privilégio de ficar contigo em casa durante este ano.

Tenho a sorte de partilhar a minha alma/vida contigo.

Tive/tenho momentos de muito cansaço. 

De me questionar: "onde é que me fui meter".

Momentos em que amuamos.

Tu atiras a sopa para o ar.

Eu vou bufar para a janela.

Faz TUDO parte.

Mas mesmo quando o desgaste me começa a querer vencer, lembro-me que provavelmente, esta é das melhores fases da minha vida. 

Enquanto vocês ainda são "meus".

E o colo que agora "dou a mais" um dia vou "dar a menos".

(Não por mim, mas porque provavelmente não o vais querer tantas vezes)

Muitos parabéns a nós.

Muitos parabéns a ti meu amor.
Muitos parabéns ao Salvador que tem sido um irmão mais velho muito protector.
Muitos parabéns ao pai que nos atura.

Nunca se esqueçam que não existe nada nem ninguém, em todo o universo, que vos ame mais do que eu. 

(Que seja o primeiro de uma vida cheia de tudo o que te fizer feliz)

O bolo

Acordei.
Arranjei os meus rapazes.
Dei um jeito a mim.
E vamos lá para mais um dia.
(O dia vai ser mais de mãe do que de mulher)
As unhas (que estão por pintar) vão ter de esperar mais um ou dois dias.
O cabelo está com ar de poucos amigos.
Tudo o que tenho para fazer a mim mesma, vai mesmo ter de ficar na "prateleira" à espera.
Com o coração apertado por ter deixado os rapazes no colégio.
(Ainda me estou a habituar ao que fazer aos braços, que se metem na posição de dar colo vezes sem conta...)
Acabei de receber uma fotografia do meu rapaz pequenino a brincar.
(Adoro as educadoras deles. Adoro.)
Mão à obra.
Vou fazer o bolo do Vicente.
Faz um ano amanhã.
UM ANO.
E se eu consegui o feito de o trazer ao mundo.
Também hei-de conseguir fazer um bolo delicioso.
Não vai ter o Mickey (como o Salvador pediu)
Nem vai ter mil camadas.
Mas vai ser doce. Cheio de chocolate e chantilly.
As fatias vão saber a lembranças e recordações maravilhosas.
Os parabéns vão ter o sabor do ano inacreditável.
Um bolo não é simplesmente um bolo.
Nem a vida é simplesmente a vida.
Nem um ano é simplesmente um ano.
Tudo depende da intensidade e valor que damos às coisas.
O bolo (que pode parecer o mais comum) vai ter um sabor especial.
Tal como têm sido os nossos dias.
Vai saber a nós.

Primeiro dia

É sempre importante.

Pela mudança.

Pelas emoções.

Fomos os quatro. 

Fomos agarrados a rir.

Voltámos dois.

Hoje foi o primeiro dia de colégio do Vicente.

Vai fazer um ano (esta semana) e o Salvador entrou com a mesma idade.

Adorou.
Ficou felicíssimo.

(Disse-me adeus e tudo)

Fui beber café. 

Senti os meus braços tão leves que até a chávena me escorregou das mãos. 

(Neste último ano, os meus cafés têm tido a companhia de um bebé encaixado em mim).

Voltei ao colégio para espreitar.

Estava encantado com a aula de música.

O Salvador feliz, feliz por ter o irmão por perto.

(Prometeu-me espreitá-lo de vez em quando).

Chegou a casa rouco de tanta agitação.

(Quase não chorou. Comeu tudo)

Onde existe comida e alegria eles estão felizes.

É bom.
Depois deste ano completamente entregue a eles, agora também me consigo entregar a outras coisas.

Amei a experiência de me dedicar aos rapazes a tempo inteiro.
MESMO.

A vida passa muito depressa. 

É bom parar. Respirar família de manhã à noite. 

Mas agora vai-me saber bem ir fazendo coisas. 

Esta semana tem sido uma loucura.

Em novidades.

Em celebrações (os meus anos e os do Vicentinho). 

Mas (às vezes) estas fases mais agitadas até sabem bem. 

Mas vou confessar-vos...

Custou-me TANTO este dia.

Dei-lhe tantos, mas tantos, beijos naquelas mãos deliciosas antes de sairmos de casa.

Disse-lhes tantas, mas tantas, vezes que os amava.

A vida é isto... sempre a andar para a frente. 

Cheia de ritmo.
Impaciente.

A vida está sempre com pressa.

Está ela. Eu não.

Maravilhosos vinte e oito

Nos meus vinte e oito anos:

-Nasceu um dos meus grandes amores. O Vicente. 

-Dediquei-me à maternidade a tempo inteiro. 

(Foi desgastante mas incrível)

-Vi o que é o amor PURO entre irmãos. 

A partilha entre o Vicente e o Salvador é indescritível. 

(Espero que não se altere. A vida altera muita coisa)

-Acordei e adormeci todos os dias ao lado de quem amo.

-Aprendi muito. 

-Tive desilusões. 

(Temos de deixar sair uns para entrar outros)

-Conheci pessoas MARAVILHOSAS. 

-Baptizei o Vicente (e arranjei-lhe os melhores padrinhos do MUNDO)

-Tirei finalmente uma fotografia com os meus irmãos todos. Somos sete.

(Sete incríveis!!! Acreditem em mim)

-Fui várias vezes ao Algarve e ao Alentejo. 

(O Alentejo "alimenta-me")

-Vi o pôr-do-sol com o Salvador - durante uma semana inteira - sempre num sítio diferente.

-Fizemos praia. Muita praia. 

-O Salvador começou a nadar sem ajuda das braçadeiras. 

-Consolidei ainda mais o amor que sinto pelo meu rapaz grande. 

Amar quando tudo é uma maravilha é uma facilidade. 

O amor vê-se nos "baixos". 

Nas fases menos boas. 

Nas alturas mais difíceis.

-Criei este blog. Juntei-me a vocês.

-Aprendi AINDA MAIS que a vida deve ser levada de maneira "leve". 

Com encantamento e gentileza.

(Os obstáculos vão sempre surgir. Faz parte)

-Este ano foi dedicado a ELES.

(E foi dos anos mais felizes e trabalhosos da minha vida)

UFA!!!

-A cumplicidade que tenho com o Salvador é TUDO. 

Não há nada que pague. 

Este ano fui de encontro ao que sou e ao que sinto.

Orgulhosa de mim. 

Do que partilhei com os meus rapazes. 

Dos amigos formidáveis que fiz.

Dos amigos que mantenho e estiveram sempre connosco. 

(Já não são amigos, são irmãos)

Orgulhosa de quem sou. 

Agora que cheguem os vinte e nove.

(Que tragam trabalho!!!)

E que demorem a passar...

É que isto dos trinta deve doer!!!

Ele pergunta. Eu respondo.

Coisas do Salvador que me levam a extremos.

De risadas e de amor.

De risada:

(Enquanto despia o Salvador para o banho)

-Mãe porque usamos cuecas?! É para não nos roubarem o rabo?!

A minha resposta foi uma gargalhada gigante!!!

(Em casa, a propósito de nada, pergunta-me o Salvador)

-Mãe porque é que as meninas têm dois rabos?!

(Ahahahahahahaahahah)

De amor:

A minha irmã foi para Luanda trabalhar.
No dia em que foi embora, decidi ir com os meus rapazes dar-lhe um beijo ao aeroporto.

Tive de ir buscar o Salvador ao colégio mais cedo.
Muito mais cedo.

Quando cheguei ele dormia profundamente.

Acordei-o.

Não queria acordar.

Acordou rabugento.

(No carro já a caminho do aeroporto) 

-Salvador estás triste com a mãe por te ter acordado?

-Não mãe. Eu gosto de ti SEMPRE!!!

(Wowwwwww que maravilha)

My birthday...

"É melhor ser alegre que ser triste. Alegria é a melhor coisa que existe."

Is coming!!!

Nestas alturas, obrigo-me a olhar para mim e para o meu caminho. 

Meter as coisas em ordem.

A vida em perspectiva.

Estas palavras do Vinicius dão-me logo alegria. 

Quero chegar ao fim da vida orgulhosa de mim. 
Daquilo que sou. 
Do que fiz. 
Do amor que dei. 
Do que transmiti.
Do que me faz sentido e feliz.

Não sou os outros. Nem a opinião deles. Sou eu.

Sou o amor que dou. 

Cada vez estou mais consciente do que sou e agradecida ao que tenho.

Tenho os meus rapazes.
Tenho ALEGRIA. (E trabalho nela.)

Tenho o mundo no meu coração, mesmo quando tenho as mãos vazias.
É isso que procuro cada vez mais...
A verdade. Aquilo que não se vê. 

(E têm aparecido pessoas extraordinárias no meu caminho)

Os últimos cinco anos da minha vida foram os melhores. 

Descobri o amor incondicional.

A felicidade da partilha.

"Pra que somar se a gente pode dividir"

E quando preciso de calma para reflectir quem sou, de onde venho e para onde vou, mergulho aqui e sinto-me no caminho certo...

"Quem já passou
Por esta vida e não viveu

Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá
Pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou
Pra quem sofreu

(...)

Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair. 
Pra que somar se a gente pode dividir?
Eu francamente já não quero nem saber. 
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração
Esse não vai ter perdão"

Vinicius de Moraes

Sejam vinte e nove ou noventa e nove o meu desejo, é que o meu caminho e dos meus amores seja FELIZ. Intenso. Honesto. Partilhado com quem realmente merece e sempre com alegria no coração.

(Saber separar o trigo do joio é fundamental para uma vida feliz.)

Muito. Muito. Muito.

(Depois de uma birra grande)
O Salvador deu-me um abraço gigante e perguntou-me:
-Gostas muito de mim mãe?
-Muito. Muito. Muito. Muito mesmo.
-Eu também.

(E pergunto-me como se explica a um filho o tamanho AMOR que sentimos por eles....)

A falta que o pai faz...

Nas brincadeiras cá de casa.
Nas noites que estou sozinha com os rapazes tenho de fazer aquilo que, por norma, pertence ao pai.

Rebolar no chão.

Andar com os dois pendurados às costas.

E a melhor parte...

Brincar aos animais.

(Esta brincadeira é para morrer a rir!!!)

-Mãe esconde vais ser atacada por um TABARÃO

-Tubarão Salvador.

-Sim por um TUBALHÃO

(Ainda não me tinha recomposto do ataque de riso)

-Mãe o CUDILO mordeu-te. E o GOGO-mau atacou o mano.

-Amor diz-se lobo-mau.

(Não ligou nenhuma)

-Mãe foge... está ali um FANTE com uma tomba grandeeee.

Ok. Desisto.

Fui atacada pelos bichos todos que existem...
E sempre que corrijo surge um ainda pior!!!

Wild & free

No Alentejo tudo é bonito. 

Até a chuva. Mas não choveu.

Os rapazes brincam na rua.

Correm no monte.

São felizes. 

Estão seguros.

Os brinquedos são eles e os bichos.

As formigas são muito maiores. Na verdade são moscas.

(O Salvador é que não sabe)

No monte onde nós vamos...

Não há portas fechadas.

Há tranquilidade.

Casas térreas com buganvílias. (Que eu adoro)

Há harmonia nos laços que se criam.

HÁ TEMPO.

Para nos olharmos. Para dormirmos. Para estarmos.

Neste monte para onde vamos...

O Ruca não é um boneco. É um cão.

As pedras transformam-se em carros.

A terra em pistas.

E está a brincadeira feita.

E quando voltamos a casa.

As unhas dos rapazes estão sujas de terra.

E nos bolsos da roupa aparecem paus, feno e coisas apanhadas na horta.

(Eles são mesmo mais felizes assim. Livres.)

Ainda no Alentejo:

-Salvador posso sentar-vos (ele e o mano) na mesma cadeira?

(Responde de imediato)

-Não obrigado.

Baby sleeping

    

O sono vai ficando profundo.

A chucha vai caindo da boca.

Estas imagens ficam congeladas na minha cabeça.

Existe pouca coisa que me deixe tão em paz...

Do que vê-los a dormir serenamente.

Viva as sestas da manhã (que devem estar quase a acabar).

Pormenores

Deliciosos!!!
(Do Salvador)

-Mãe onde as pessoas vai?

-Eu sabo tomar banho sozinho.

-Mãe o mano não pode fazer isso. Eu pódo.

Sweet surrender

Sou muito intensa no amor que dou.

Muito dedicada a quem amo.

Talvez por isso, quando eu "falto" o rapaz grande diga que a casa fica vazia.

-Vazia com os dois miúdos?!

-Sim. Sem ti fica vazia.

É verdade.

A nossa casa é a quatro. 

Cada um de nós é tão importante como as paredes, os tijolos, as janelas.

Somos um todo. 

Das coisas que mais me orgulho de TER é sentido de família. 

Das coisas que mais me orgulho de SER é para a família.

O que é de um é de todos.

Tive o privilégio de ter encontrado o amor.

Mas tão importante como o encontrar é conseguir estimá-lo.

É preciso tempo para amar com paz.

Ao fim do dia fomos aproveitar a tarde, maravilhosa, que Outubro nos ofereceu.

Estes momentos a meio da semana funcionam como o nosso yoga.

O nosso equilíbrio.

O momento de hoje foi perfeito.

Tempo para nós.

Numa praia vazia.

Com água quente.

E ficamos a mergulhar, a rir, a brincar...

Nestes momentos, não existe mundo nenhum que não o nosso.

E o nosso que, por vezes, tem tanto de imperfeito como de encantador, é exactamente onde eu quero

estar.

Eles são a minha casa.

A cada um de nós pertence uma vida, mas a alma é partilhada.

Quem resiste?!

O Salvador tem um caderno da escola.
Nesse caderno tem recados, fotografias, convites... tudo!!!
Depois da escola, estávamos a ver o caderno e passámos pelas fotografias do Natal passado.

-Salvador o Natal está quase a chegar...
-Simmmmmmmmmm
-Tens de ir pensando no miminho que queres pedir ao Pai Natal
-Simmmmmmmmmm
-Já sabes o que queres?
-Ainda não sei, mas vou dizer se faz favor.

A minha vida é esperar

Uma espera FELIZ.
Espero...
Por um trabalho (e aqui... UI) teria tanto para falar.
Um trabalho que dê para conciliar com a vida de mãe.
Um trabalho que não absorva o acordar e o adormecer com os meus filhos.
Que não absorva os fins-de-semana com o meu marido (ele já trabalha vários...)
Que não me absorva...
Do que, para mim, é mais importante: ELES.
(Estou a procurar o impossível, imagino.)
Talvez seja alguma imaturidade (mas já faço vinte e nove anos este mês).
Ou a paixão total que tenho por estes rapazes...
Que me faz acreditar que ainda me vai bater à porta um emprego feliz.
Bom para todos.
Tenho sempre presente que a vida é curta.
Quero aproveitar ao máximo o meu tempo com quem amo.
Mas o dinheiro também faz tanta falta...
(Suspiro)
(Ainda assim, o melhor emprego do mundo já é meu. O de mãe)
Espero...
Pelo Salvador sair da escola.
Para o abraçar e beijar e saber como correu o dia.
Espero...
(Que a máquina da roupa acabe de lavar, que não chova para irmos ao parque, pelo fim-de-semana para estar com os meus amigos...)
Espero...
Religiosamente pelos dias/horas/momentos que estamos todos juntos.
Os quatro em casa.
Tão simples quanto isso.
Mas nem sempre é possível.
Muitas vezes, fico com os meus rapazes a contar as horas para que o rapaz grande chegue a casa.
Não é só pela trabalheira que dá ficar sozinha com os dois.
É que sinto mesmo falta.
Mas só assim dou TANTO valor quando estamos todos juntos.
(E com este tempo chuvoso... está bom é para os mimos e sofá)
Depois da lufa-lufa da brincadeira, dos banhos, mimos, birras, jantar (e tanta coisa que acontece pelo
meio) lá consigo adormecer os meus príncipes (que ficam "terrores" na hora de deitar).
É nessa altura que começa a minha contagem decrescente.
A minha ESPERA.
E tapo (mentalmente) os olhos a mim mesma, enquanto ESPERO que a minha "surpresa" chegue a
casa.
E não vou dormir sem o beijo, o abraço, as palavras do meu rapaz grande.
(A contar as horas...)

Bom dia!!!

No nosso canto é assim...

(O amor e a preguiça andam de mãos dadas)

E desta maneira damos as boas-vindas a Outubro.

Este mês que nos é tão querido.