quarta-feira, 31 de maio de 2017

Prometo não me render



Quando o Salvador tinha três anos adormecíamos juntos - não mudou muito até hoje.
Numa dessas noites, esticou os braços no ar e pediu-me que "mexesse no céu" com ele.
(Eu fiquei de braços esticados a mexer no vazio. Ele mexeu no céu, nas estrelas e em tudo o que estava a acreditar).
Quero ser SEMPRE a carrinha de caixa aberta que transporta estes três miúdos. Sem barreiras.
Todos os dias descubro cada um dos meus filhos - e a mim própria.
Rendi-me no primeiro segundo à maternidade.
Na carrinha não coube o medo só o depósito cheio de amor.
Trago este presente da vida ao colo e desembrulho - TODOS OS DIAS - com muito cuidado para não rasgar o papel.
É o melhor de tudo.
Não existem sussurros na minha forma de amar.
Só sei sentir em voz alta.
A infância é um momento especial.
Tão importante. E passa rápido - tão rápido.
A minha missão é encher estes corações de amor e construir diariamente uma história feliz- a nossa.
Acreditar nas coisas boas e agradecer.
Amar.
Relativizar.
Respirar.
Sonhar.
O segredo está na entrega...
Mesmo nos dias em que o papel do embrulho se rasgar prometo não me render.

(Meus amores)





quinta-feira, 18 de maio de 2017

Para os meus filhos

Descalcem-se mas vistam-se de generosidade e curiosidade.
Sempre que possível libertem-se da velocidade que só consome.
Não interessa a cor da areia se não tiverem tempo de enterrar os pés. 
De sentir.
Abram portas e demorem-se nas varandas - apreciem a vista.
A alma alimenta-se de sensações.
De experiências.
Das emoções.
Não há caminho tão rico como esse.
Procurem que são.
Vejam o mundo de dentro para fora.
Somem e simplifiquem.
A vida precisa de disponibilidade.
O amor de descontração.
Não há maneira de evitar as angústias mas no abraço de quem amam vão encontrar a tranquilidade que procuram.
Escolham bem as sementes e reguem todos os dias as vossas plantas. 
Lembrem-se como a luz é fundamental e tudo se resume a uma palavra: CUIDAR.
Cuidem de vocês e dos outros. 
Da vossa terra - as folhas caem

(Eu sou alegria, amor e gratidão - resultado da vossa soma...)

A Maria estava a dormir mesmo ao nosso lado :)

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Pequenas coisas

Há um livro maravilhoso chamado "O Deus Das Pequenas Coisas".
Eu sinto-me mãe das pequenas coisas.
São elas que dão sentido ao meu dia a dia.
Os banhos, os desenhos, a partilha, os abraços.
Não sei bem como faço mas aos olhos deles parece fácil.
O Vicente [4 anos] repetiu-me trinta vezes de manhã que quer ser pai quando crescer:
-"Quero ser assim como tu. Cuidar de pessoas pequeninas...".
Na responsabilidade de educar não há filtros que nos possam ajudar. 
É preciso tirar os olhos da câmara porque não há lente que veja tão bem como o coração de mãe.
A nossa vida tem tanto de "caótica" como de espetacular mas foco-me no melhor dela.
No melhor de mim.
No melhor deles. 
Aos vinte cinco tinha um filho aos trinta tinha três.
A segurança com que damos colo aos desesperos tem sido positivo no crescimento da nossa família. 
Sou a transparência em pessoa - às vezes até me é prejudicial. 
Mas só posso ensinar a entrega se me entregar.
Tento ser o equilíbrio e equilibrada na atenção a cada um - e a mim própria. 
Somos muitos. Muitas personalidades. Muitas agendas.
Encho diariamente o depósito desta casa de alegria, coragem, amor, proteção, companheirismo, honestidade, confiança e MUITA COMUNICAÇÃO.
O "vamos andando" não nos serve. 
O amor não "vai andando". 
Vai-se depositando e multiplicando. 
Temos as nossas regras de acordo com os nossos horários, disponibilidades e possibilidades.
A vida é feita das nossas intenções e não das expetativas dos outros.
De escolhas que nos fazem feliz.
É muito bom sentir que me estou a sair razoavelmente como mãe, apesar de todos os contratempos.
Que os meus filhos até me querem "seguir as pisadas"!!!




terça-feira, 2 de maio de 2017

Há quanto tempo não suspiras?


Às vezes também me despedaço.
E ando desnorteada.
Educar não é pêra doce.
E há dias que são ossos duros de roer.
As responsabilidades pesam como pedras.
Os convites dos amigos ficam por responder e os trabalhos de casa por acabar.
Nesses momentos tenho a certeza que o maior ganho da vida está na forma honesta como nos entregamos.
Eu falo com a alma.
Sou pela unidade. Sempre.
Pela construção.
Não há maior bênção que o aconchego e maior riqueza que sentir - sem subterfúgios.
Desenho a minha vida todos os dias - e faço os primeiros riscos na deles.
Entretenho-me no esboço.
Troco de canetas.
Rasgo o papel.
Reconsidero.
Volto a colar.
Há dias que faço traços de rajada.
Não me atrapalham as fraquezas.
Quando olhamos para elas descobrimos muitas das nossas potencialidades.
Importante é perceber o que é que nos arrepia e nos faz sentir vivos.
Que situações é que nos fazem suspirar.
E ficar nesse ponto a absorver.
Só paramos de nos construir e de nos modificar quando paramos de viver.
Acredito que o que dita o sucesso do nosso desenho não é a folha nem os riscos, mas as canetas que escolhemos para o pintar.
Tudo certo quando temos as pessoas certas.
(Meus amores)
<3