segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Maternidade





A Maria vai fazer cinco meses e está só a leite materno. 
Lá vou tentando introduzir a papa mas está difícil. O biberão não pega!!!. 
Este "tempo inteiro" de mãe e filha é fundamental. 
As licenças de maternidade não são férias.
São fundamentais para o desenvolvimento físico e emocional dos bebés, e para a recuperação da mãe.
A vida (e neste caso também estou a falar de uma vida que acabou de chegar) precisa de entrega. De tempo. De calma. De paz. 
É das fases mais exigentes e mais maravilhosas. 
Sou apaixonada pela maternidade - o que torna tudo bastante mais fácil.
És uma bebé encantadora Maria. 
Os teus irmãos apaixonados por ti. 
Durante a noite, há sempre um de vocês que chama por mim. Às vezes chamam todos. 
Não durmo sestas, há sempre refeições para preparar, roupa para tratar, a casa de pantanas, e eu que também preciso de tempo!!! 
{Mulher feliz - mãe feliz} 
Durante estes meses, tenho acordado e adormecido ao vosso lado, todos os dias. 
Assoo-vos. Dou os banhos. Os mimos todos. Seguro as pontas. 
Tiro fotografias e encho-vos de beijos. 
Faço tudo isto por amor. Por gosto. 
Pela entrega e paixão que vos tenho. Que nos tenho. 
A vida corre. Não nos apercebemos desta corrida. Só sentimos o peso da competição quando a idade já pesa, e o tempo já foi. 
Meus amores: eu estou aqui.
Mesmo quando não estou, eu estou.
Estou sempre.
Este amor é absoluto. Inteiro. Só vosso.
Vamos aproveitar o tempo que nos resta.
Em que somos só uns dos outros.
Amo-vos. 
Amo-vos.
Amo-vos. 




terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Saudades

Maria a olhar para os manos

A casa está cheia de filhos, barulhos e desassossego - faltas tu. 
Faltas-me tu.
Eu tenho sobrevivido bem aos ranhos, às sopas, às birras e aos ataques de mimo. 
A Maria está gigante. 
O nosso filho do meio acordou cheio de mimo, e pediu para ir para casa da avó.
O Salvador chega todos os dias cheio de novidades e tem dormido com as meias do Sporting. 
Tenho embalado sozinha a Maria de noite.
Não te tenho para te rires comigo.
Nem para me fazeres as torradas maravilhosas de manhã. 
Mas estou aqui.
E estou feliz. Mesmo feliz. 
Ansiosa que chegues. 
Cheia de saudades. 
Também pela ajuda, mas muito mais pela vontade do teu abraço. 






sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Vida a cinco

Quatro era perfeito, mas ainda melhorou.
Dá trabalho - pois dá - muito.
Muito cansaço. Muito espírito de sacrifício. Não me lembro de dormir quatro horas seguidas. 
Há sempre um que acorda.
Em menos de cinco anos foram três filhos.
São cheios de vida. De ritmo. De alegria.
São o sol com pernas. 
Os rapazes estão encantados com a Maria.
O Vicentinho regrediu um bocado. Está mais bebé, mas acalmou.
Está reguila e meigo. 
O Salvador deu um pulo. Irmão mais velho, todo ligado a nós.
É o meu companheiro. Muito sensível, meigo e protetor como nunca vi.
Adoro isto que disse:
-Amanhã queres que seja a mãe a levar-te? (sei que ele ADORA)
-Mãe só se estiver sol. Não podes apanhar frio!!!
A Maria está um sonho. 
Só a leite materno. 
Tão boa de peso que nem precisa de papas.
Uma gulosa. 
Perco-me nestas bochechas redondas. 
O tempo está a andar demasiado depressa.
Esta é a melhor altura porque ainda são muito meus.
Têm um cuidado enorme comigo.
Enchem-me de beijos e abraços antes de caírem no sono.
Não trocava a vida adulta por nada, mesmo com todas as responsabilidades. 
As cambalhotas financeiras, estica daqui, puxa dali. 
Mesmo com todo o cansaço, as refeições, as roupas e tanto que nos é exigido. 
Às vezes preciso de ajuda, e peço.
Não tento ser a super-mulher.
Sou uma mulher comum, com fé no futuro, a tentar educar três futuros adultos, com todo o amor que tenho. E todo o amor que tenho, é deles. 
TODO.


Maria quatro meses 

Amor gigante





sábado, 2 de janeiro de 2016

Sobre a vida



Eu não estou só viva, eu sinto-me viva.
Sinto a vida em tudo.
No acordar - quando nos vejo acordar em família. 
Quando o sol bate na janela ou a chuva me encharca a roupa.
Em todos os segundos da nossa existência.
Quando saltam para a nossa cama e nos enchem de beijos.
Quando fazem birras e precisam de nós.
Quando fecho os olhos e me lembro de tudo o que já fizemos.
Sou intuitiva e emotiva.
Sigo os meus instintos.
Sou do colo, de sentir, agarrar, amar, aproveitar, agradecer.
Adoro a fase da amamentação.  
Sou a mãe que não tem pressa nem timings para tudo.
Não tomo decisões que me angustiem só porque é suposto. 
Vivo os meus sonhos. 
Procuro e trabalho pelos dias felizes. 
Aproveito os dias - mesmo os que são duros e exigentes. 
Os que estou sozinha com eles, que me sinto exausta, cansada, desesperada.
São esses dias que me fazem ser tão grata pelos dias de sol.
Sou dos afetos e das palavras.
Sou inteira e dedicada.
Sou uma mulher e mãe cheia de fragilidades e de paz.
Estou onde sempre sonhei estar. 
Falta-me o alentejo (vivi lá a minha infância)
Falta-me tempo para amar ainda mais.
Dar de mim aos outros - e tantos projetos que tenho relacionados com isso. 
Lembro-me do cheiro a açúcar e canela das boleimas.
Lembro-me quando peguei, pela primeira vez, numa enxada.
E quando dei, pela primeira vez, comida aos porcos.
Ainda tenho o cheiro a terra presente.
Tive uma casa na árvore. 
E um tanque. 
Vive em mim sempre esta vontade de querer ir, de querer conhecer, de arriscar. 
Odeio este trânsito, estas pressas e obrigações que roubam o tempo às pessoas. 
E enquanto estava a escrever isto, leio esta carta de uma avó para a neta: aqui do blog A Mãe é sabe. 

"(...) Digo-te, com a fragilidade que estas palavras encerram, que me ensinas todos os dias que a verdade da vida explode nas coisas simples que me dás, gratuita e genuinamente, na força dos teus abraços, na alegria espontânea desse olhar puro que me enche a alma.
(...)

Seria tão mais fácil aos homens, sabes estas pessoas que se dizem adultos, aprenderem contigo que a vida se está a descobrir, assim minuto a minuto.
(...)

Meu amor, trazes contigo a energia vital que poderia impedir os medos do mundo, trazes contigo essa suspensão dos receios que inibem o mundo girar em torno do que verdadeiramente interessa, amor, confiança, persistência.
(...)

Como disse Mia Couto, "a vida é tão simples que ninguém a entende"… "

Um beijo a esta avó que sente assim a neta e a vida. 
Que escreveu o que sinto, exatamente o que sinto.
E a todas as pessoas do mundo que se entregam assim de corpo e alma.
Amo-vos filhos, muito mais do que alguma vez vão conseguir imaginar.
Mas muito mais do que amar, eu aproveito ao máximo a vida ao vosso lado.
E isso para mim é viver.