quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Onde a sorte descansa

Acordei num dia de folga, a pensar que também é preciso sorte nas pessoas que "são nossas".
Calhou, aos nossos filhos, um pai que segura a falta de rotina com as duas mãos. Que equilibra na perfeição a disciplina e a entrega.
Calhou-lhes uma mãe que se fez mãe. Que nasceu de novo.
EU.
Que mudei tanto. Cresci tanto.
Agora lanço-me aos dias sem lhes retirar nada.
[Nunca me foi cobrado absolutamente nada, mas acho até que sou muito melhor mãe do que mulher. Mesmo com todo o malabarismo].
A nós [sortudos] calhou-nos a melhor parte.
Três miúdos desembaraçados e sem cerimónias, que tornam tão nítido o sentido da nossa existência.
Educar sem tornar os dias num campo de batalha é o maior dos desafios.
E compenso algumas faltas de rotina com experiências que lhes proporciono.
Com jantares na praia e mergulhos ao nascer do sol.
Não fazemos um esforço para nos entendermos. O entendimento está cá.
É preciso sorte, mas a sorte só descansa onde há entrega, amor e espírito de sacrifício.







domingo, 15 de janeiro de 2017

Permanecer

Educo-vos com base no meu instinto.
Quando nasceste Salvador, nasci eu.
Aprendi nessa altura a dar colo aos momentos. 
Não existe nada mais maravilhoso do que cuidar de uma família. Cuidar de vocês. 
Não há verdades absolutas.
Nem famílias iguais.
É normal que o que funcione para uns, não dê para outros.
Não há regras.
O meu Norte é o que sinto. 
Sou uma mãe de colo. Do contacto. Dos beijos e dos abraços.
Sou o vosso abrigo descontraído.
Misturo-me em vocês.
Ajoelho-me para me lembrar como é o mundo à vossa medida.
Repito mil e uma vezes que não se janta com os cotovelos na mesa. 
A importância de serem agradecidos pelo lugar tranquilo onde nasceram.
E que viver apaixonado é do melhor que há. 
Sou exigente mas tranquila.
Tento ser consistente nos ensinamentos, mas é o dia-a-dia que vos vai enriquecer a alma. 
O sentido de partilha em nós é enorme. 
Vocês não usam cadernetas, mas têm joelhos esfolados e "galos" para troca.
Que nunca nos falte o aconchego e a vontade de permanecer, sempre, para sempre... assim.





quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Mariaaaaaaaaaaa!!!

Os miúdos deliram com estes programas de final de dia: FAZER UM BOLO!!!
Teria sido tudo perfeito se a Maria não tivesse devorado o ÚLTIMO iogurte.
Fizemos o bolo na mesma, com menos iogurte e mais laranjas.
Não cresceu - mas ficou com um sabor ótimo. 
E enquanto eles devoraram o bolo, eu estive meia hora de rabo para o ar a limpar tudo!!!
O melhor foi perceber como três crianças tão diferentes são igualmente felizes em momentos destes!!!

Reparem: 
O Vicente foi-se despindo ao longo do processo, e fez a festa. 
A Maria não largou o iogurte - não quis saber de bolo nenhum.
O Salvador sempre concentradíssimo, a fazer tudo direito!!!







(A culpa do bolo não ter crescido só pode ter sido da receita!!! ahhahaahahah)

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

(Quando se dorme pouco)


Sou muito mais do tempo bom.
Passamos os dias descalços e descontraídos.
Não há ranhos nem tosses, e o cansaço bom da praia embala o sono dos miúdos. 
O inverno não tem sido meigo.
E nem uma ano seguido de sopas e descanso consegue equilibrar os níveis de
exaustão.
Os rapazes dormem, eu faço serão com a Maria, enquanto espero pelas oito da manhã para começar a orientar as tropas!!!
Cuidar de uma família é muito mais do que se vê em fotografias bonitas.
Não dá para pedir dispensa.
É preciso coragem, tempo, espírito de sacrifício e disponibilidade.
E fazer de tudo para transformar os dias menos bons, numa história feliz. 

domingo, 8 de janeiro de 2017

Viagem a 2

SETE ANOS DEPOIS!!!


Se há coisa que não falo muito é da minha infância. 
Foi demasiado confusa para a conseguir explicar a alguém. 
Mas entre tantas coisas, aos dez anos larguei o Alentejo e vim para Lisboa.
Era uma miúda a gerir - ou a tentar gerir - emoções.
E existe outra miúda (que se vai casar daqui a pouco tempo no Rio de Janeiro) que me recebeu de braços abertos.
Vou a esse casamento. Vou aproveitar esta oportunidade maravilhosa.
O meu marido tratou de tudo. Incentivou-me. Vamos juntos.
Falta pouco.
Já estivemos no Rio com o Salvador. Mas o Rui foi em trabalho, o Salvador tinha três meses, foi óptimo e tranquilo.
Desta vez, quase todas as pessoas me encorajaram a ir.
Eu que nunca largo os miúdos, tenho o coração do tamanho de uma ervilha.
Nem o cenário mais incrível me tira o frio na barriga de estar algumas noites sem eles.
Os padrinhos da Maria (que vivem em Londres) vão assegurar que os nossos filhos ficam inteiros.
Vão ficar na nossa casa com eles. Sim é verdade. Vão apanhar um avião de propósito e passar uma semana nesta casa de doidos!!! (Quantas vénias?!)
Estivemos os cinco uns dias em Londres e eles sabem que:
-Os miúdos têm dias maus.
-A Maria dorme pessimamente.
-O Vicente tem um final de tarde complicado entre sono, atenção e birra.
JURO que não lhes escondi nada!!!
Tudo isto serviu para perceber que é incrível a vida, se nos rodearmos das pessoas certas.
Que o meu marido tem imensa vontade de estar comigo. SOZINHO!!!
E de como estamos rodeados de gente mais do que especial.
(Amigos e familiares ofereceram-se para que não deixássemos de ir :)
Ainda assim não sei se como vou sobreviver sem estes índios.
Sem estas mãos. Estes pés. Estes beijos. Esta paz. Este reboliço.
Sei que praticar o desapego tem o seu lado bom, mas as saudades - as saudades, meu Deus, são tramadas!!!
Torçam para que tudo corra bem.
Que eu sobreviva a esta ausência.
E que o Nuno e a Inês não precisem de um psicólogo depois desta semana!!!
(EU VOU PRECISAR!!!)

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

(Sempre) em construção





Eu sempre fui uma miúda irrequieta - isso não mudou NADA.
Inquieta. Determinada. Intuitiva. Apaixonada.
Sou torta de feitio mas inteira na entrega que tenho a tudo o que me proponho [pessoal e profissionalmente].
A nossa família está sempre em construção, mas há uma coisa que se mantém sempre: a paixão, a entrega e gratidão que temos por ela. 
E embora sinta que falho na atenção individual que cada um deles merece, há uma coisa que sou exemplar: no aconchego.
O coletivo vence ao individual. 
Tenho braços para todos. Adoro dar colo. E não há proposta que ganhe a um programa de mantas e filmes com os meus filhos.
Este ano quero mudar definitivamente algumas coisas.
A mudança começa por mim.
O que quero mesmo - com muita vontade - é usufruir mais. 
Sim mais ainda. Relativizar mais.
Tempo. Disponibilidade. Tranquilidade.
Foco no essencial. 
Não consigo gerir SEMPRE bem o final do dia com os três, quando estou sozinha.
O livro que o Salvador tem para ler ficou fechado na mochila. O jogo que o Vicente queria jogar sem a Maria interromper, não correu bem. E a atenção exclusiva que a Maria tanto exige é dividida por todos. 
Todos ajudamos todos. 
Há uma partilha enorme. 
O Salvador não é o melhor aluno, mas é mestre a gerir conflitos.
O Vicente lava os dentes dele e ajuda a Maria a lavar os dela. 
Há dias (tão caóticos) que dormem de fato treino para facilitar a logística da manhã.
Podem falhar passos na nossa rotina, mas evito que falte a paciência, a tranquilidade e a disponibilidade.
O aconchego tem de estar em dia.
Não quero tralha. 
Não quero passar tempo com quem nos diz pouco, ou nada nos acrescenta.
E devagar o nosso "ninho" vai ficando menos poluído e mais harmonioso. 
Há uma coisa que adoro em casa. A mesa da cozinha. Pequena de madeira. Onde nos sentamos todos. Encolhidos e com os ombros a bater uns nos outros. 
(Temos uma mesa enorme na sala que não usamos).
Escrevo isto, com os três em cima de mim. 
Dormem ferrados. Alinhados e aninhados. 
(Há melhor que isto?!)

(O meu marido começou o ano da pior maneira - uma queda GIGANTE na casa de banho, enquanto dava banho aos miúdos. Estava de pé, escorregou e bateu com a cara na banheira com imensa força. Foi um susto enorme. Tem a cara feita num oito. Ele está bem e as crianças não ficaram traumatizadas com o aparato.
(EU IA MORRENDO COM O SUSTO - JURO!!!)
Quando ele chegar do trabalho vou mimá-lo, porque as construções são diárias e ele merece o mundo)